Doutrinação, nunca; perseguição ideológica, jamais
por Andréa Ramal
Ensinar a pensar de forma crítica é um dos principais
papeis da escola. Fazer a cabeça do estudante, ao contrário, é doutrinação
inescrupulosa. Mas será mesmo necessário fazer uma lei sobre “Escola Sem
Partido” para estabelecer tais limites?
O movimento Escola sem Partido parte do princípio -
legítimo - de que o professor não pode ser aproveitar da audiência cativa dos
alunos para promover as suas concepções ou preferências ideológicas,
religiosas, morais, políticas e partidárias.
Se aprovada a lei que o movimento defende, o
professor não poderá favorecer, prejudicar nem constranger os alunos em razão
de suas convicções políticas, ideológicas, morais ou religiosas, ou da falta
delas. Quando abordar questões políticas, socioculturais e econômicas, terá que
apresentar aos alunos, de forma justa, as principais versões, teorias e
perspectivas concorrentes a respeito.
A Leitura abre sua Mente
Ora, todo professor com a devida ética profissional
faz isso. E se ele, ao contrário, abusa da falta de conhecimento ou da
imaturidade dos alunos para “fazer a sua cabeça”, ou prejudica os alunos por
causa das suas convicções, está desvirtuando o processo educacional, que deve
incentivar a autonomia intelectual, a reflexão crítica e a capacidade de fazer
suas próprias escolhas. É isso o que a educação de hoje requer: formação para a
autonomia intelectual.
Quando um professor age sem a ética necessária ao
exercício da profissão, cabe ao coordenador pedagógico e ao diretor da escola
cuidar do assunto, eventualmente inclusive com punições. Os pais e os próprios
estudantes devem ficar atentos para alertar a escola sobre abusos e desvios da
função docente.
O mesmo se pode afirmar sobre os livros didáticos.
Cabe ao MEC e a cada professor avaliar se um livro didático apresenta cada tema
de forma adequada, para contribuir para a visão global e a formação integral do
estudante, ou se ele é tendencioso, ofensivo ou tem viés partidário. Nesse
caso, o livro jamais deveria ser adotado.
Preocupam, nesta discussão, as interpretações
radicais, que podem derivar no patrulhamento ideológico. Podemos imaginar um
sem número de situações absurdas: por exemplo, famílias processando escola e
professor porque este mencionou determinado pensador, ou porque não deu o mesmo
tempo de aula sobre o pensador “concorrente”, ou porque a prova trazia questões
sobre determinada linha político-econômica, e assim por diante. Ou, ainda,
escolas que abolissem de sua didática os debates ou as leituras mais
provocadoras.
Doutrinação nunca; ensinar a pensar, sempre. Isso
se faz com leituras, filmes, debates, dinâmicas de interação, oportunidades
para que o estudante exponha seus argumentos e aprenda com as visões de todos
os outros.
Acreditar que existe educação “neutra” é
ingenuidade. Mas é possível, sim, abordar os mais diversos temas e autores de
forma instigante e, ao mesmo tempo, respeitosa da autonomia do estudante,
estimulando-o a fazer uma leitura crítica da realidade e, com liberdade e
consciência, se posicionar como cidadão. Professores com ética e bom senso
fazem isso todos os dias.
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