sexta-feira, 20 de novembro de 2020

TWITTER: @LucianoHuck: Negro espancado até a morte

 

No Dia da Consciência Negra mais um negro é espancado até a morte. Uma barbaridade. Revoltante. O BR passa por uma encruzilhada civilizatória, c/gente assoprando a brasa da guerra cultural em vez de defender os valores da cidadania. Tomar consciência é agir pela paz e união.


VIDA MODERNA: Lixo é lastro

Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
Lavoisier

Transformar lixo em atividades econômicas produtivas é um dos caminhos de construção de sociedades sustentáveis
Por *Rodnei Vecchia
Lixo é uma inesgotável fonte de oportunidades de excelentes negócios, uma fonte de riquezas ainda pouco explorada. Coletar lixo para reciclagem ou reutilização traz imensos benefícios à natureza. Talvez seja a atividade que melhor represente o conceito nu e cru do significado de sustentabilidade econômica, social e ambiental. Cresce por todo o mundo alternativas de transformar lixo em lastro. Lastro no sentido do ouro que garante a um país sua estabilidade e base econômica. É senso comum a importância de se reduzir a produção de resíduos bem como de reaproveitá-los economicamente.

A lei de resíduos sólidos brasileira tramitou no Congresso Nacional por 19 anos até ser sancionada pelo presidente Lula em agosto de 2010, e está em processo de regulamentação. Determina que a União, Estados e municípios façam planos para tratar resíduos, por meio de metas e programas de reciclagem. Proíbe lixões e determina que compete às indústrias o descarte de produtos, processo denominado de logística reversa. Pilhas, pneus, baterias, eletro-eletrônicos, entre outros bens, serão recolhidos pelos seus fabricantes/responsáveis que devem dar a destinação ambiental correta a todos eles.

Atualmente 43 % do lixo coletado no país recebe destinação inadequada. Cabe aos municípios, responsáveis diretos pela coleta, maior responsabilidade pública sobre essa riqueza desperdiçada, num planeta finito que já não dá conta do consumo desenfreado de seus habitantes. Cabe a nós, brasileiros conscientes, criar uma aura ininterrupta de educação ambiental, para incutir na mente de todos a importância vital de cuidar de nossa casa maior.
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Apenas 7 % dos municípios brasileiros fazem coleta seletiva reciclável. Com a nova lei, prevê-se um aumento de 500 mil trabalhadores dedicando-se à atividade de reciclagem. Hoje o país é recordista em reciclagem de embalagens de alumínio: 94 %!

Há inúmeros exemplos de transformação de resíduos em negócios lucrativos: usinas de reciclagem que transformam entulhos de alvenaria da construção civil em brita; lixo orgânico em adubo; pneus em sandálias; óleo de cozinha em sabão; embalagens tetra pak em telhas; e o próprio aterro sanitário a gerar gás metano para produzir energia renovável.

Um exemplo de sucesso nessa área surgiu de uma ideia simples, mas genial de um jovem húngaro, Tom Szaky de 37 anos, que vive nos EUA. Ele criou há 17 anos um processo de reutilização a partir do que é descartado pela maioria das empresas: embalagens, garrafas ou latas. Esses itens transformam-se em produtos úteis, num processo denominado upcycling: não se faz nenhuma alteração química ou física dos resíduos, apenas dá-se uma nova forma que agrega valor ao produto final. A empresa Terracycle estabeleceu-se em diversos países e já está no Brasil, onde faz parcerias com escolas, oficinas de arte, cooperativas, grupos sociais e empresas colaboradoras. Os parceiros coletam restos sem utilidade que iriam emporcalhar a natureza e a Terracycle transforma-os em bolsas, porta trecos e até roupas.

Empreendedores visionários brasileiros: a gestão de resíduos é um dos grandes negócios do futuro. Lavoisier já constatou isso no século XVI e o Brasil é um país repleto de oportunidades. Quem se habilita então em desenvolver uma atividade empresarial que transforme lixo em lastro, proporcione excelentes retornos financeiros, além de propiciar aos seus idealizadores satisfação de dever cumprido e eterna gratidão das atuais e futuras gerações?
Bingo! Eureka!

*Rodnei Vecchia
Graduação e especialização em administração de empresas pela Fundação Getulio Vargas - SP, mestre em Liderança, professor universitário de gestão, planejamento e economia ambiental, consultor de empresas, colunista e empresário do ramo de energia. Autor do livro "O Meio Ambiente e as Energias Renováveis", Editora Manole, 2010
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EFEMÉRIDES: Dia da Consciência Negra

 

Dia Nacional da Consciência Negra é celebrado, no Brasil, em 20 de novembro. Foi criado em 2003 como efeméride incluída no calendário escolar — até ser oficialmente instituído em âmbito nacional mediante a lei nº 12 519, de 10 de novembro de 2011, sendo feriado em cerca de mil cidades em todo o país e nos estados de AlagoasAmazonasAmapáMato Grosso e Rio de Janeiro através de decretos estaduais.[1] Em estados que não aderiram à lei a responsabilidade é de cada câmara de vereadores, que decide se haverá o feriado no município.[2]

A ocasião é dedicada à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira.[3] A data foi escolhida por coincidir com o dia atribuído à morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, um dos maiores líderes negros do Brasil que lutou pela libertação do povo contra o sistema escravista. O Dia da Consciência Negra é considerado importante no reconhecimento dos descendentes africanos e da construção da sociedade brasileira. A data, dentre outras coisas, suscita questões sobre racismodiscriminaçãoigualdade social, inclusão de negros na sociedade e a cultura afro-brasileira,[4] assim como a promoção de fóruns, debates e outras atividades que valorizam a cultura africana.[5]

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Criação

No contexto histórico, as celebrações do 20 de novembro surgiram na segunda metade dos anos 1970, no âmbito das lutas dos movimentos sociais contra o racismo.[4] Em um sábado de 1970,[6] um grupo de negros no Rio Grande do Sul cunhou o dia 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra.[2] O idealizador do Dia Nacional da Consciência Negra foi o poeta, professor e pesquisador gaúcho Oliveira Silveira. Silveira foi um dos fundadores do Grupo Palmares, associação que reunia militantes e pesquisadores da cultura negra brasileira, em Porto Alegre.[5] Em 1971, ano da fundação do Grupo, ele propôs uma data que comemorasse o valor da comunidade negra e sua fundamental contribuição ao país. Por horas, homens e mulheres falaram sobre a história de Zumbi e de outro rei de Palmares, Ganga Zumba, sobre como os negros foram trazidos da África para o Brasil e o que foi a escravidão no Brasil. Ainda recitaram poemas de Castro Alves e Solano Trindade. A data inicial a ser escolhida era 13 de maio, o grupo de gaúchos frequentavam rodas que questionavam havia tempos a legitimidade da data do 13 de maio para o povo negro. Uma publicação da editora Abril e mais algumas pesquisas sobre o quilombo dos Palmares levaram o grupo à nova data: o 20 de novembro, a morte de Zumbi. Oliveira Silveira, que se tornaria um dos intelectuais negros mais importantes do país, levou a ideia ao grupo, que aprovou.[6] Assim, escolheu-se o dia 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares.[5]

Censura

A época era de ditadura militar. O AI-5 havia endurecido ainda mais o regime, três anos antes. Quando uma nota foi publicada no jornal, com o título "Zumbi – A homenagem dos negros do teatro", para anunciar o ato evocativo programado para o dia 20, o nome do grupo (Grupo Palmares), talvez confundido com a organização armada VAR-Palmares, chamou a atenção.[6] O grupo foi intimidado pela Polícia Federal. Para serem liberados pela censura, tiveram que descrever todo o roteiro do encontro e convencer os agentes de que não eram "subversivos". O documento, com o carimbo de "aprovado", ressalta que qualquer mudança teria de ser submetida à autorização.[6]

No Brasil

Comemorações do Dia da Consciência Negra na Serra da Barriga, onde se localizava o Quilombo dos Palmares.

Diversos estados e mais de mil cidades no país adotaram a causa e instituíram a celebração por meio de leis municipais e decretos estaduais.[4] Alagoas foi o primeiro estado brasileiro a decretar feriado no Dia da Consciência Negra, em 1955. Foi no território alagoano, à época pertencente a Pernambuco, que Zumbi nasceu.[4][5] O Quilombo dos Palmares, o mais famoso pela resistência e organização em diferentes aldeias interligadas e considerado o maior quilombo territorial e temporal do Brasil, ficava na Serra da Barriga, no atual município de União dos Palmares.[4] A comunidade quilombola durou cerca de cem anos. Em seu auge, chegou a abrigar de 25 mil a 30 mil negros.[2]

O dia homenageia o líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi, símbolo da resistência negra no Brasil, morto em uma emboscada pelas tropas coloniais brasileiras, no ano de 1695, após sucessivos ataques ao Quilombo de Palmares. Zumbi teve sua cabeça exibida em praça pública.[6] A representação do dia ganhou força a partir de 1978, quando surgiu o Movimento Negro Unificado (MNU) no país, que transformou a data em nacional. Desde 1997, Zumbi faz parte do Livro dos Heróis da Pátria, no Panteão da Pátria e da Liberdade.

Pátio do Carmo, no Recife, capital de Pernambuco, local onde a cabeça de Zumbi dos Palmares ficou exposta até completa decomposição.[7]

Segundo a historiadora da Fundação Cultural Palmares, Martha Rosa Queiroz, a data é uma forma encontrada pela população negra para homenagear o líder na época dos quilombos, fortalecendo assim mitos e referências históricas da cultura e trajetória negra no Brasil e também reforçando as lideranças atuais. "É o dia de lembrar o triste assassinato de Zumbi, que é considerado herói nacional por lei, e de combate ao racismo", afirma. A lei federal de 2011 (12.519) institui o 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra. A adoção dos feriados fica por conta de leis municipais. Diversas atividades são realizadas na semana da data como cursos, seminários, oficinas, audiências públicas e as tradicionais passeatas.[2]

Em 2003, o Dia da Consciência Negra entrou no calendário escolar com a lei que obriga o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas. Oito anos depois, a então presidente Dilma Rousseff oficializou a data como Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

Dois anos depois da primeira celebração, o questionamento do grupo gaúcho virou notícia nacional. ​"Esse foi o momento mais glorioso da história do povo negro no Brasil e, infelizmente, nossa historiografia o diminui no tempo e até na apresentação dos fatos principais", dizia Oliveira Silveira ao Jornal do Brasil.[6] A partir dali, atos relembrando figuras negras históricas e esquecidas passaram a ser replicados em outros cantos do país, todo mês de novembro. No Rio Grande do Sul, por exemplo, onde surgiu o Grupo Palmares, apesar de uma lei de 1987 ter incluído o dia no calendário oficial, não é feriado.[6]

Ver também

Referências

  1.  Portal Brasil (19 de novembro de 2014). «Mais de mil cidades tem feriado no Dia da Consciência Negra». Consultado em 2 de dezembro de 2014Cópia arquivada em 11 de janeiro de 2015
  2. ↑ 
    Ir para:
    a b c d «Qual a origem do Dia da Consciência Negra?»Terra. Consultado em 25 de junho de 2019
  3.  Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) (12 de novembro de 2012). «UNESCO lança campanha para o Dia da Consciência Negra, 20 de novembro». Consultado em 20 de novembro de 2014

  4. Ir para:a b c d e «Dia da Consciência Negra é celebrado com avanços no Brasil»Governo do Brasil. 20 de novembro de 2018. Consultado em 25 de junho de 2019
  5. ↑ 
    Ir para:
    a b c d «Cultura africana e consciência negra - Biblioteca Virtual»www.bibliotecavirtual.sp.gov.br. Consultado em 25 de junho de 2019
  6. ↑ 
    Ir para:
    a b c d e f g «Grupo que idealizou o Dia da Consciência Negra teve de dar explicações à ditadura»Geledés. 20 de novembro de 2018. Consultado em 25 de junho de 2019
  7.  «Territórios de memória e resistência». Brasil de Fato. Consultado em 12 de novembro de 2019

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Resenha: 'Uma Breve História das Mentiras Fascistas' é livro urgente


São vários os livros que estão surgindo nas prateleiras de livrarias e bibliotecas para discutir o fascismo -- seja do passado ou este, novo e perigoso, que se fantasia de populismo. Agora, chega ao mercado um dos mais interessantes, urgentes e necessários dessa leva: Uma Breve História das Mentiras Fascistas, importante ensaio do historiador Federico Finchelstein.

Aqui, ao longo de cerca de 150 páginas, excluindo as referência, o autor se aprofunda em características do fascismo do passado para entender esse perigoso movimento de hoje em dia, encabeçado por Donald Trump, Jair Bolsonaro e outros nomes tão podres quanto. Afinal, como ele próprio diz no começo, é olhando para a nossa História que entendemos presente e futuro.
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No caso específico deste livro de Finchelstein, como o próprio título diz, a análise se concentra na cultura das mentiras fascistas. O autor, com fatos históricos bem documentados, mostra como ditaduras como as da Itália e Alemanha, além de movimentos fascistas na Argentina e no Brasil, se valeram da distorção da realidade pra expandir seus poderes e controle da população.

É um material muito rico, principalmente pelo motivo de Finchelstein não se ater apenas ao passado. Ele também não joga a interpretação desse passado no colo do espectador e vai embora. Nessas mesmas 150 páginas, o historiador faz paralelos claros, e extremamente pertinentes, entre essa História que maculou o mundo com os mesmos passos que seguimos.

Uma pena que o autor, em alguns capítulos, acabe se repetindo ou se perdendo um pouco -- principalmente ali pela metade final, como o capítulo Fascismo contra a Psicanálise ou, ainda, O Inconsciente Fascista. Não são realmente cansativos, já que Finchelstein tem qualidade na escrita e não cansa. No entanto, sem dúvidas, são reflexões que caberiam em outros capítulos.

Enfim: Uma Breve História das Mentiras Fascistas é mais um daqueles livros importantes sobre o fascismo, ao lado de Fascismo Eterno, de Umberto Eco, e Fascismo à Brasileira, de Pedro Dória. A sensação é de que o mundo está retrocedendo, de que estamos entrando em um buraco histórico sem fundo. Ler um livro assim, tão importante sobre História, é importante. É urgente.

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