quarta-feira, 19 de abril de 2017

GENOCÍDIO DE UM POVO:Povos Indígenas do Brasil – 500 Anos de Massacre

19 DE ABRIL DIA DO ÍNDIO 
A história da aniquilação de povos indígenas no Brasil ainda não acabou.

Tudo começou em 1500, com o deslumbramento calculista do colonizador europeu. Entre ele e as riquezas que aquela nova terra prometia, havia, entretanto, um porém. Indivíduos cor de café-com-leite, cabelos escuros e familiaridade absoluta com a natureza. Cinco milhões deles.


Primitivos. Atrasados. Selvagens. Imorais. Era assim que os portugueses os viam e, com o aval da Igreja Católica (que cogitou que eles não tinham alma), a matança começou. E mesmo quando a Igreja Católica rapidamente voltou atrás e disse “não, peraí, eles têm alma, sim, só precisam ser ensinados, catequizados, subjugados, dominados, etc”, os portugueses continuaram vendo naqueles seres de olhos amendoados homens que não eram bem homens e mulheres que não eram bem mulheres. E a matança continuou.
Nós apoiamos o
Continuou de diferentes formas. Alguns povos, inconformados e rebelados contra a dominação, foram exterminados em massa. Outros foram escravizados e catequizados, exterminados de dentro para fora. Muitos milhares de outros padeceram ao dar de cara com uma infinidade de doenças que seus corpos despreparados nunca tinham encontrado antes.


E existiram ainda os momentos em que as coisas ficavam muito confusas, e tupinambás se aliavam a franceses para derrubar portugueses, que já estavam aliados a tupiniquins, que queriam ajuda para derrubar os tupinambás, e no fim padres tinham que intervir e negociar tratados de paz que não chegavam a durar nem um ano.

De qualquer forma, os povos indígenas morriam. Morriam a rodo. E quando parecia que os portugueses iam desistir deles para focar na parcela de escravos africanos que não morria a rodo na travessia do Atlântico, vieram os tais bandeirantes. Os desbravadores sanguinários que forçaram os limites das fronteiras do Brasil com a escravidão e o genocídio implacável de todo e qualquer indígena que atravessasse seu caminho.

E cuja glorificação ainda hoje deveria dar engulho até no mais orgulhoso patriota.

Mas isso tudo faz muito tempo, tem quem diga. Hoje até comemoramos o dia do índio, uh, uh, uh, uh, uh, uh, penas no cabelo e tudo.

É verdade que muita coisa mudou. A Igreja Católica resolveu que os indígenas tinham alma — os jesuítas defenderam os seus direitos (mas aniquilaram sua cultura, ops!) — os artistas do século XIX os chamaram de “o bom selvagem”, pacíficos, indefesos, incapazes — o que levou ao Estado decidir tutelar a sua existência de cidadão de segunda classe…e assim continuar a ensinar, catequizar, controlar, subjugar, dominar, ops! — reservas indígenas foram criadas… — e tiveram suas fronteiras ignoradas por grileiros, posseiros, fazendeiros, trambiqueiros, assim como todas as legislações já criadas de proteção ao índio desde o longínquo ano de 1549, meio século depois de quando tudo começou.

Muita coisa mudou. Mas muita coisa mudou tão sem rumo e sem vontade e de qualquer jeito que acabou dando a volta completa e chegando no mesmo lugar: nos índios morrendo. A rodo. De cinco milhões, restaram setecentos mil.

A marginalização do indígena, o seu status de cidadão de segunda classe, o descaso com a sua existência, os espaços reduzidos a que ele foi confinado; a precariedade a que ele é submetido. Tudo isso contribui consideravelmente para as suas gigantes taxas de mortalidade infantil; de mortes por doenças infecciosas e parasitárias; do seu índice assustador de suicídios…

indígenas…(se os povos indígenas do Brasil formassem um país, ele teria a segunda maior taxa de suicídios no mundo); e dos assassinatos constantes, que prosseguem numa linha contínua desde 1500, configurando um genocídio interminável de mais de quinhentos anos. 

Durante a ditadura militar, mais de 8 mil foram mortos por estarem no caminho das estradas idealizadas pelo Programa de Integração Nacional, que levaria o “progresso” para os confins da mata amazônica. Os Waimiri-Atroari perderam 75% de sua população em menos de quinze anos. Os Panarás perderam 84%. O número de Parakanãs no Pará caiu pela metade. Sobraram apenas 10% dos Yanomamis do rio Ajarani.

Hoje os povos indígenas seguem “atrapalhando o progresso”. Os arawetés, os jurunas, os arara, os mundurukus e muitos outros “atrapalham” as mega obras de Belo Monte e Tapajós.  Os guaranimbiá “atrapalham” o crescimento urbano em São Paulo. Os guarani-kayowá “atrapalham” o agronegócio no Mato Grosso do Sul.

Hoje é o dia do ÍNDIO!!! 

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