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Este Post tem Apoio Cultural da Serraria Cajari
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Anvisa estuda proibir medicamentos que inibem o apetite e que, segundo profissionais, são essenciais para tratar alguns casos de obesidade
Se emagrecer já é difícil, imagine começar um tratamento sem o apoio de medicamentos que, em alguns casos, são absolutamente necessários. É esta possibilidade que está mobilizando as discussões, também em Sorocaba, em torno da proposta da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que pretende proibir a comercialização de drogas como a sibutramina e os derivados de anfetamina (femproporex, anfepramona e mazindol).
Para a Anvisa, os riscos do uso destes medicamentos não superam os benefícios trazidos por eles, o que contraria o parecer de órgãos respeitados como a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), a ABESO (Associação Brasileira de Estudo de Obesidade e Síndrome Metabólica) e a ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia).
“A obesidade é doença, sim, e precisa ser controlada com medicação”, aponta a endocrinologista Tatiana Abrão, que engrossa a fila sorocabana contra a proibição. A especialista aponta que a indicação de remédios, por parte dos profissionais sérios, segue critérios que passam pela avaliação cardiovascular do paciente, ponto chave da proposta da Anvisa. “É preciso investigar a vida deste paciente antes de receitar o remédio”, destaca. “Além do mais, o uso é controlado de perto pelo médico. Tenho pacientes que começam tomando o remédio e dentro de 2 ou 3 meses já conseguem emagrecer sem ele”, completa.
A endocrinologista Luciana Bueno de Camargo lembra ainda que a obesidade pode matar mais do que os remédios para emagrecer. Quando a pessoa emagrece, informa, ela consegue reduzir o risco de desenvolver uma doença cardiovascular, o que deixa a proposta da Anvisa sem sentido. “Se houver realmente a proibição, o país pode viver uma epidemia de obesidade”, diz.
A crítica das profissionais aponta ainda a redução drástica de opções de medicamentos para tratar a obesidade, o que pode comprometer os tratamentos. “Vão sobrar os naturais, de pouca resolução e sem nenhuma comprovação científica”, avalia Tatiana.
Receita ideal para emagrecer:
A melhor fórmula para emagrecer está diretamente associada à dieta balanceada e à prática de exercícios físicos, apontam as especialistas sorocabanas. Mas há casos que necessitam do uso de medicamentos, sobretudo quando o índice de obesidade requer uma intervenção médica mais drástica.
Para paciente, proibição é absurda:
A advogada e psicanalista Jacqueline Savoi, 54 anos, está feliz e diz que mudou de vida. Há um ano, pesava 13 quilos a mais, sentia cansaço e dificuldade nas atividades mais cotidianas, como subir uma escada. Seu tratamento inclui o uso de anfepramona, que age como inibidor de apetite, o que ela considera fundamental para a redução dos ponteiros da balança. “No Brasil é assim. Querem proibir sem analisar nada direito. Vai acontecer um boom de obesidade”, opina.
Ela conta que passou a usar o medicamento por indicação de especialista. “Antes, passei por exames. É preciso destacar que estes profissionais sabem o que estão fazendo e não prescrevem o remédio à toa”, afirma.
Hoje, com a autoestima em alta, Jacqueline analisa os bons efeitos em sua saúde, mais que simplesmente na estética. O resultado de seus últimos exames mostra a redução drástica no nível de colesterol e triglicérides. Quando elevados, estes indicadores também são responsáveis por desencadear doenças cardíacas.
Na quarta-feira (23), a Anvisa promove uma audiência pública em Brasília para tentar convencer a classe médica de que é melhor proibir de vez o uso de medicamentos usados para emagrecer, assim como aconteceu em outros países. O debate promete ser longo.
Anvisa aumentou o rigor nas vendas em 2009 :
No Brasil, a Anvisa optou por controlar com mais rigor a comercialização da sibutramina e mudou sua tarja de vermelha para preta em 2010. Isto aumentou o rigor nas vendas.
Brasileiros consumiram 1,9 tonelada em um ano:
O consumo da substância também estava bem exagerado. Em 2009, quando ainda não havia tanto rigor nas vendas, os brasileiros consumiram 1,9 tonelada do remédio.
Anfetaminas aumentam riscos cardiopulmonares:
A sibutramina pode aumentar o risco de enfarte e AVC em pacientes com predisposição; já as anfetaminas apresentam riscos cardiopulmonares e do sistema nervoso central.
Mercado negro e falta de rigor movimentam setor:
Substâncias devem ser indicadas a pessoas com reais problemas de obesidade — e não para quem precisa perder poucos quilos. A realidade é outra devido a maus profissionais e mercado negro.
19 milhões de brasileiros são obesos
CRONOLOGIA:
• Década de 1980
A sibutramina é desenvolvida inicialmente como antidepressivo, agindo em áreas do cérebro que controlam o humor, a sensação
de bem-estar e o apetite.
• 1997
A substância é aprovada pelo FDA (Food and Drug Administration), órgão que regulamenta medicamentos e alimentos nos Estados Unidos, para o controle de peso.
• 2009
O FDA recebe um pedido de proibição da droga do Public Citizen, grupo de defesa do consumidor americano, com alegação de que a droga faria mal aos pacientes.
• 2010
Com base no estudo Scout (Sibutramine cardiovascular outcomes trial), países da Europa e dos Estados Unidos proíbem a comercialização da sibutramina.
• 2011
O Brasil estuda seguir o mesmo caminho dos outros países e proibir a substância, sob alegação de que ela faz mais mal do que bem aos consumidores. A decisão sai em março.
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