Embora questões técnicas e éticas ainda permeiem o objetivo, estudiosos podem estar a um passo de recriar mamutes, tigres- dentes-de-sabre e o amistoso Dodô — não, dinossauros não entram na lista
Por Carlos Eduardo Ferreira
Durante uma edição recente da conferência TEDx em Washington
D.C., alguns cientistas discutiram a possibilidade de trazer de volta vários
animais hoje extintos. O processo, denominado “de-exctinction”, também tratou
de questões relacionadas ao processo e à necessidade de se reviver tais animais
— além dos inevitáveis desdobramentos éticos envolvidos.
No que se refere ao “como” da complexa
questão, entretanto, a edição mais recente da revista National Geographic
destacou um processo relativamente simples — não muito distinto do que já se
viu em inúmeras obras de ficção e tentativas desastradas.
Trata-se de colher amostras de DNA que, posteriormente,
reconstruirão genomas completos, os quais são injetados em células embrionárias
desprovidas de DNA próprio. O último passo seria encontrar um substituto para
gestar o animal recriado.
Uma cabra selvagem que virou história
De acordo com o que reportou o jornal
The Washington Post, trazer um animal desaparecido de volta à vida não é algo
propriamente inédito. Na verdade, ao que parece, alguns cientistas franceses já
conseguiram a proeza, trazendo dos registros históricos da biologia uma cabra
selvagem há muito extinta.
A criatura, entretanto, viveu por
apenas 10 minutos. Isso levantou algumas questões, naturalmente. Entre elas:
como os cientistas podem obter amostras suficientemente íntegras de DNA para recriar
um animal extinto? Isso além do óbvio: por que isso é realmente necessário?
Nada de dinossauros
Ao que parece, o DNA de qualquer
criatura desaparecida tem certo “prazo de validade”, digamos. Isso exclui dos
objetivos atuais, por exemplo, os dinossauros — cuja onipresença deve se
restringir mesmo aos filmes. Segundo os estudiosos, o DNA dessas criaturas se
degradou há muito tempo, de maneira que seria impossível reconstruir todo o
genoma.
Na verdade, a escolha das criaturas que
podem ser trazidas novamente à vida deve respeitar alguns critérios, tais como:
o animal tem função ecológica importante ou é “amado” por seres humanos? É
possível colher uma boa amostra de DNA ou de células germinativas para a
reprodução? É possível reintegrar determinada espécie à natureza — o seu
habitat original ainda está disponível? São conhecidos os motivos que levaram à
extinção?
Mesmo de acordo com esses critérios, há ainda uma lista
relativamente longa de candidatos prováveis. Naturalmente, os custos do
processo devem ser nada menos do que astronômicos — permeando tanto a recriação
em laboratório quanto a gestação e os cuidados posteriores.
A esperança? Que a possibilidade de
contar com um tigre-dentes-de-sabre ou com um mamute em seu zoológico faça
surgir duas belas cifras ($$) nos olhos de alguns investidores. Confira alguns
dos candidatos abaixo.
Um mamute, um tigre-dentes-de-sabre, uma vítima da moda...
Tigre dentes-de-sabre
O inconfundível
tigre-dentes-de-sabre encontra-se na lista dos pesquisadores. O chamado
“Smilodon” desapareceu da terra há aproximadamente 10 mil anos, em decorrência
das alterações climáticas da última era glacial.
O mastodonte é um “parente” relativamente próximo do
elefante. O animal viveu nas Américas do Norte e Central há aproximadamente 12
mil anos.
Mamute-lanoso
Há uma facilidade extra para recriar o icônico mamute-lanoso
— aquele mesmo, o da Era do Gelo. Os cientistas conseguiram encontrar várias
carcaças congeladas do animal, por meio das quais foi possível ter acesso a
amostras de DNA relativamente bem preservadas. Os mamutes habitavam a Ilha de
Wrangel, no Oceano Ártico, há 4 mil anos.
Dodô
O dodô é normalmente associado à ideia de uma ave estúpida,
pouco afeita a se proteger de agressores. Bem, isso é fato. Entretanto, justiça
seja feita: o dodô desenvolveu semelhante comportamento por conta da mais
completa falta de predadores na Ilha Maurício. Dessa forma, quando os seres
humanos chegaram ao local, foi fácil utilizar o amistoso animal como recheio
para lancheiras.
Periquito-da-carolina
Eis aqui uma genuína “vítima da moda”. O último exemplar da
espécie desapareceu em 1904, na Flórida. Entre as inúmeras razões elencadas
para justificar o desaparecimento, aparecem certa predileção da indústria de
chapéus para madames da época — que adoravam ornamentar seus modelos com as
penas coloridas do periquito-da-carolina.
· Fonte The Journal
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